Hospital Universitário

Uma Prévia

A construção de um “Hospital de Clínicas” em Vitória era aspiração antiga da classe médica e política do Espírito Santo, e em 1951 – portanto antes da fundação da Universidade do Espírito Santo (1954) – foi firmado um convênio entre o governo estadual e a administração do Plano SALTE, sendo os trabalhos de planejamento do prédio hospitalar começados em 1952. À época, o cargo de diretor do antigo Departamento Estadual de Saúde era ocupado pelo Dr. Jaime dos Santos Neves.

Aprontado o arrojado projeto, concebido pelo arquiteto Sérgio Nacinovic, começaram em janeiro de 1953 as obras do hospital que deveria ter 9 pavimentos e 706 leitos, “no aprazível subúrbio de Maruípe”. Em 1955, por falta de recursos financeiros, a construção foi interrompida, tendo sido completada a concretagem do 4º pavimento. Em 1956, frente às permanentes dificuldades financeiras, Nacinovic apresentou uma proposta pra conclusão parcial da obra, transformando-a num Hospital Geral de 130 leitos. Em 1959 o governo estadual de Carlos Monteiro Lindenberg iniciou esforços para retomar as obras, esbarrando, contudo, na falta de financiamento governamental.

A fim de continuar a obra do Hospital das Clínicas, em setembro de 1962, a Universidade do Espírito Santo (UES) contratou uma nova modificação no projeto arquitetônico, adaptado para um prédio de 250 leitos. Naqueles anos de inflação era absurda, o preço do projeto sofria também absurdas variações, e, com a paralisação mantida, o terreno em que se encontrava o esqueleto do Hospital começou a ser invadido por moradias “clandestinas”. O hospital não foi pra frente, tendo o seu arcabouço inacabado e abandonado sido, finalmente, demolido em 2003, dando lugar a um centro de esportes e lazer.

O Sanatório Getúlio Vargas

Bem, sem um Hospital próprio, quando do início do ciclo profissional do Curso de Medicina da UES, em 1964 (no terceiro ano após o início das aulas da primeira turma) os departamentos clínicos tiveram de funcionar sob convênios, ajustes e acordos na Santa Casa de Misericórdia em Vitória, na Clínica do Tórax do Sanatório Getúlio Vargas e no Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória. A partir de 1965 firmaram-se convênios com a Maternidade Pró-Matre, o Hospital Adauto Botelho e o Centro de Saúde de Vitória. Em 1966, o Hospital São Pedro foi arrendado, e lá passaram a funcionar o Departamento de Cirurgia e as disciplinas de Semiologia e Gastroenterologia, enquanto as demais ficavam espalhadas pelos outros hospitais. Em 1967, quase todas as especialidades funcionavam no Hospital São Pedro.

Também em 1967 começara a empreitada de aquisição do Sanatório Getúlio Vargas pela UFES – a essa época, a Universidade já passara a ter o “Federal” no nome – para servir de Hospital de Ensino principal do seu Curso de Medicina. O hospital, que fora fundado na década de 40, visava a oferecer à população tratamento e combate à tuberculose. 

Em 1968, o Sanatório Getúlio Vargas e seus arredores foram temporariamente transferidos do Governo Estadual para a posse UFES, sendo garantida a continuação do atendimento a tuberculosos. A instituição passou a se chamar Hospital das Clínicas, e o prédio foi adaptado para atender às necessidades do ensino, exceto Ortopedia e Oftalmologia, que eram praticadas na Santa Casa de Misericórdia de Vitória, Pediatria, que permaneceu no Hospital Infantil e Psiquiatria, que era ensinada no Centro de Saúde de Vitória e no Hospital Adauto Botelho.

A partir de 1970, foram instalado no Hospital das Clínicas os serviços de Ortopedia, Oftalmologia e Otorrinolaringologia, encerrando-se o convênio com a Santa Casa. Em 1972, foram instalados no Hospital Universitário o Pronto Socorro e o Serviço de Radioisótopos. Nos anos de 1973 e 1974 a UTI foi instalada e foram providenciadas importantes reformas no Centro Cirúrgico, na Radiologia, na Obstetrícia, na cozinha e nos anfiteatros, e, em 1975, foram construídos os ambulatórios (a princípio, estruturas temporárias), consolidando o Hospital das Clínicas como o hospital de ensino do Curso de Medicina da UFES. Em 1976, havendo a instalação do Curso de Enfermagem, o hospital tornou-se palco também dos estágios dos alunos desse curso. Nessa época, o prédio ainda não havia ainda sido transferido definitivamente para a UFES, o que só veio a ocorrer, depois de muito esforço e negociação, em janeiro de 1978, no mandato do Reitor Manoel Ceciliano Abel de Almeida. Fora feita uma permuta de bens universitários, acrescida de um pagamento em moeda, a respeito do qual o Governo Federal se declarou impossibilitado de fazer, e que fora, portanto, suprido, segundo proposta do Reitor, pela locação do prédio da Faculdade de Odontologia do Espírito Santo.

O HUCAM

Em 1980, com a morte de Dr. Cassiano Antônio Moraes, que foi um dos idealizadores da transformação do antigo Sanatório em um espaço propício para a formação de médicos, a instituição foi denominada "Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes” (Hucam).

Atualmente, o Hucam permanece um hospital geral, possuindo 277 leitos e servindo de campo de prática para os cursos de graduação (Medicina, Enfermagem, Odontologia, Farmácia, Nutrição, Fisioterapia, Terapia Ocupacional e Fonoaudiologia), de programas de pós-graduação stricto sensu, da Residência Médica e da Residência Multiprofissional do CCS da UFES, configurando-se no principal local de aprendizagem e de pesquisa para os mesmos.

A instituição oferece serviços de média e alta complexidade, considerado hospital de referência do SUS no Espírito Santo. Sua estrutura conta ainda com um pronto-socorro (atualmente servindo apenas a redirecionamentos e complicações de pacientes internos), setores de internação nas áreas médica, cirúrgica, ginecológica e obstétrica, pediátrica, UTI, Centro Cirúrgico, serviço de imagem e diagnóstico, dentre outros.

Frente à grave situação financeira do hospital, e sob forte incentivo do Governo Federal, foi assinado pelo Reitor Reinaldo Centoducatte, em 15 de abril de 2013, um contrato conferindo à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) a administração do HUCAM. Atualmente, o hospital é gerido pela empresa, tendo por Superintendente o Dr. Luiz Alberto Sobral Vieira Júnior.

Fontes: 

REDINS, Carlos Alberto. Escola de Medicina da Universidade Federal do Espírito Santo - 50 Anos de História. 1. ed. Vitória: UFES, 2011.

"Nossa História", em https://www.ebserh.gov.br/web/hucam-ufes/nossa-historia.