“É preciso dobrar o número de médicos”, diz secretário Nacional de Atenção à Saúde
Ao ser indagado sobre os problemas do sistema de saúde do país, o titular da Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Helvécio Magalhães, fez uma declaração, no mínimo, polêmica. “Nós precisamos dobrar o número de médicos no Brasil e claro que com qualidade. É claro que precisamos dar condições de trabalho, além de carreira, remuneração, apoio técnico, etc”, afirmou o secretário em um programa de televisão na última sexta-feira (1). A afirmação do secretário Helvécio Magalhães reforça o pensamento compartilhado pela presidente Dilma Rousseff e pelos ministros da Saúde (Alexandre Padilha) e Educação (Fernando Haddad). Para o governo federal, a falta de médicos é um dos principais gargalos da saúde pública brasileira. “Eu diria que talvez no mesmo patamar de financiamento a questão da oferta do profissional médico do Brasil é o maior problema da saúde pública brasileira. Não é culpa dos médicos, é culpa do sistema brasileiro. O estado brasileiro não assumiu um papel que outros estados nacionais assumem, como a Inglaterra, a França e o Canadá”, disse o secretário de Atenção à Saúde. Para o ministro da Educação, “há espaço para a abertura de cerca de 20 mil novas vagas de medicina”. Já a presidente Dilma acredita que há uma carência de faculdades de medicina no Brasil e, por isso, pediu ao MEC um estudo para identificar em que Estados a deficiência é mais aguda. No momento, há 80 processos para abertura de novos cursos em tramitação no MEC, segundo informações do Conselho Federal de Medicina. Serviço civil – O ministro da Saúde, por sua vez, quer resolver a suposta carência de médicos com o polêmico serviço civil obrigatório, que fixaria recém-formados na região Amazônica e nas periferias dos grandes centros por um a dois anos. Segundo RAIO-X apurou, há pelo menos 8 projetos de lei no Congresso que preveem o serviço comunitário em áreas pobres e afastadas. Quando questionado sobre como fazer com que o médico chegue onde a população precisa, o secretário de Atenção à Saúde confirmou o interesse do governo em fixar os profissionais por meio do serviço civil, de caráter obrigatório ou voluntário. Ele também esclareceu que o ministério da Saúde está empenhado na implantação da carreira de Estado no SUS. Disse o secretário: “Estamos estudando serviço civil, se não obrigatório, voluntário contando ponto para todas as residências. Dá um peso nas provas de residência, ele ficando dois anos à disposição onde precisar, na Amazônia ou na periferia dos grandes centros, onde o problema também é dramático. Tem um projeto que nós vamos reestudá-lo junto com estados e municípios da carreira única do Sistema Único de Saúde, na modalidade, por exemplo, do Judiciário”. Desigualdade – Na avaliação do CFM, não faltam médicos no país. O que há é desigualdade na distribuição e má remuneração. Um levantamento divulgado no ano passado pelo CFM revelou que o número de médicos em atividade no Brasil cresceu 27%, entre 2000 e 2009. No mesmo período, a população brasileira teve um acréscimo de 12%. O país conta hoje com quase 360 mil médicos. Na ocasião do estudo, havia um profissional para cada grupo de 578 habitantes. Para a Organização Mundial da Saúde, o ideal é seguir a relação de 1:1000. A distribuição, no entanto, é tão heterogênea, que a região Sudeste, que agrega 42% da população, concentra mais da metade dos médicos (55%).
BOLETIM DE NOTÍCIAS ONLINE DO RAIO-X
O Jornal dos Estudantes de Medicina da UFES
Uma publicação do DAMUFES
jornalraiox@gmail.com
@raiox_medufes